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Arthur Amaral é acadêmico de jornalismo, fotografo e dedica boa parte do seu tempo com o estudo de religiões. Apaixonado por todas as formas de expressões artísticas e cultural. Adora as tardes de sol com vento, cerveja e samba.

sábado, 30 de novembro de 2013

Bar do Parque, quanta saudade invade o espaço interior..

Gostaria que fosse rotina, sentar-me ali durante o sol escaldante de Belém do Grão Pará, nem que fosse por poucos minutos, ir ao Bar do Parque todos os dias faria de mim um sujeito mais feliz. A sombra das mangueiras, que diminuem a sensação térmica enquanto o sol brilha intensamente, o vento agradável no meio da cidade, os vendedores de artesanato que quase sempre convido para tomar um copo de cerveja comigo, as histórias que me fazem viajar sem sair daquela desconfortável cadeira. É Loyola Brandão, Belém convida a se abandonar¹ – facilmente esqueço dos perigos, entro em um estado de espírito novo, como se estivesse vendo a cidade pela primeira vez –, tenho a minha mesa favorita no bar, sem motivo, fico chateado quando a mesma não está disponível, mas isso não me impede de parar e tomar uma cerveja quente ali.

Porra maluco, vamô dar uma força no meu trabalho!? – É raro não ser incomodado por vendedores e pedintes, alguns educados e outros nem tanto, o que me faz bem ali é conversar com pessoas que nunca mais verei novamente. Sento ali e o tédio rapidamente some, sinto-me com vida enquanto pessoas mortas circulam em seu carro. Foi ali que conversei com uma moça chorosa, que esperava por alguém. Li as cartas para um casal em troca de companhia. Dei um beijo inesquecível em Tayanne. Gastei dinheiro comprando artesanatos de um hippie e o mesmo usou o dinheiro para pagar cervejas enquanto conversava comigo.

Aquela arquitetura art nouveau me faz crer que a boêmia está ali, no Bar do Parque, a casa eterna de Ruy Barata, como eu gostaria de viver ali no tempo do poeta, assim como ele não cantar Copacabana².

Sempre que posso estou ali, na mesma cadeira, por horas, na expectativa de que a qualquer momento vou conhecer alguém, conversar, ler tarot, fazer uma caricatura, quem sabe, criar uma grande amizade. Caso encontre-me por ali se achegue sem fuleiragem, lhe pago uma cerveja, como já fiz para tantos outros.

¹ Referencia a Crônica Quase Concreta de Ignácio de Loyola Brandão
² Referencia a Tronco Submerso de Paulo André e Rui Barata

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O fim do cigarro com sabor - ou: Fumo Hollywood para o meu sucesso..

Coff.. Coff.. 
A mais.. Coff.. Coff.. 
A mais ou menos.. Coff.. Coff..

A mais ou menos sete anos eu coloquei o meu primeiro cigarro na boca, um Hollywood Menthol, recordo-me bem, era setembro de dois mil e cinco. Estava um amigo, sua namorada e eu as margens do rio capim. Muito tempo passou. Não comecei a fumar por conta do gosto do cigarro, entretanto, se meu primeiro cigarro não tivesse sido tragado naquele dia, ocorreria futuramente, com um cigarro de sabor ou não.

Chega a ser embaraçoso pensar que em 2006 eu tinha um acesso muito fácil ao cigarro. Com 14 anos eu podia comprar um cigarro na padaria, ascender e sair pela rua fumando. Sem importa-me com nada. Não havia nem um ano de fumante quando troquei o Hollywood Menthol pelo Hollywood Original. Inspirado pelo filme Cazuza - O Tempo não Para (esse ano cheguei a fumar um cigarro com o ator Daniel de Oliveira durante uma pausa das filmagens de Órfãos do Eldorado) que me levou a a ver os cigarros de filtro vermelho como um status de rebeldia, poder e intelectualidade.

Mesmo assim digo; não comecei a fumar por influencia alheia. Acho que o adquiri o hábito de fumar por características pessoais, desde novo viciado em café, cresci em um ambiente onde o fumo era normal, mãe fumante, tias fumantes e afins. Não os culpo pelo meu vicio, não culpo o amigo o qual me emprestou o primeiro cigarro, nem as propagandas.

Não vim do tempo em que fumar era chique, as propagandas já haviam sido proibidas, as carteiras já vinham dizendo que fumar é prejudicial à saúde e a venda era proibida a menores de dezoito anos. As barreiras como imagens agressivas de advertência e afins não impediram com que eu e muitos jovens virassem fumantes, e não é a proibição dos cigarros com sabor que vai freiar a nova geração.